Catu-Canguaretama
Canguaretama é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte, distante 77 km ao sul da capital, Natal, do qual se emancipou em 1858. O nome do município tem origem no tupi, onde etama, em língua tupi, significa "terra, região",[5] e "canguá" designa um tipo de peixe (Stellifer rastrifer Jord. & Eig)[6] gerando a etimologia "terra de canguás".
História
Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú
A história de Canguaretama começa ainda durante a época do Brasil Colônia, muito antes de ser elevado à categoria de município. Em 1645, ocorreu um dos eventos considerados como um dos mais históricos do Rio Grande do Norte: o martírio de Cunhaú e Uruaçu, que ocorreu quando os índios Janduís e mais de duzentos holandeses (que chegaram e ocuparam o Capitania do Rio Grande do Norte entre 1633 e 1654), a comando de Jacob Rabi - delegado do Conde Maurício de Nassau - mataram cruelmente cerca de setenta fiéis e o Padre André de Soveral. No momento da morte, os fiéis estariam em uma missa que estava sendo celebrada na Capela de Nossa Senhora das Candeias, localizado no Engenho Cunhaú, a alguns quilômetros da Barra do Cunhaú. Na época, esse engenho era o centro da economia potiguar, ainda bastante primitiva. Foram também mortas as pessoas que se encontravam em um grande engenho. Apenas três pessoas conseguiram escapar.[7][8]
No século XVIII, em 1743, o padre André do Sacramento funda o primeiro núcleo colonizador que futuramente iria dar origem a Canguaretama, a Aldeia Gramació, cuja localização se dava à margem esquerda da Barra de Cunhaú e a mais de uma légua de distância. Em 3 de maio de 1755 (ou 1769), por meio de uma carta régia, a aldeia é elevada à categoria de vila com o nome de Vila Flor. Após a expulsão dos jesuítas, a sede municipal, que era localizada em Vila Flor, foi transferida para povoado de Uruá. Em 19 de julho de 1858, por meio da lei n° 567 esse povoado é elevado à categoria de município com o nome de Canguaretama, desmembrando-se de Natal. O nome "Canguaretama" significa terra de canguás.
O povoado de Canguaretama possuía uma circunscrição religiosa, com o nome de "Penha", conservada em 1860 pela lei provincial n° 468. O nome foi dado por um missionário, o Frei Serafim de Catania. Nos primeiros anos de emancipação, Canguaretama tinha uma economia cuja base era o cultivo da cana-de-açúcar, a pesca e a comercialização do pau-brasil. Em 1882, a sede municipal ganhou uma estação ferroviária. Três anos depois, em 16 de abril de 1885, a sede é elevada à categoria de cidade, que foi instalada quatro meses depois, em 18 de setembro daquele mesmo ano.[7]
Em 1892, são criados e anexados a Canguaretama os distritos de Baía Formosa e Vila Flor, ambos extintos em 1933. Em 1938, é recriado o distrito de Vila Flor, cujo nome foi alterado para "Flor" dois anos depois (1940), mas apenas oito anos o distrito voltou a ter seu nome original. Cinco anos depois (1953), o extinto distrito de Baía Formosa é recriado e, em 1958, é emancipado, tornando-se novo município do Rio Grande do Norte. Desde 31 de dezembro de 196, quando Vila Flor foi emancipado, Canguaretama é formado apenas pelo distrito sede.[9]
Geografia
Na divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017, Canguaretama pertence à região geográfica imediata de Canguaretama, dentro da região geográfica intermediária de Natal.[10] Antes, com a divisão em microrregiões e mesorregiões que vigorava desde 1989, fazia parte da microrregião do Litoral Sul, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Leste Potiguar.[11]
Limita-se com Goianinha e Tibau do Sul a norte; a sul com Pedro Velho, Baía Formosa e Mataraca, na Paraíba; a leste com Vila Flor e mais uma vez Baía Formosa, além do Oceano Atlântico, e a oeste com Espírito Santo e novamente Pedro Velho.[7] Canguaretama possui a menor costa litorânea dentre os municípios potiguares, com apenas 3,7 km de extensão,[12] formada pela praia de Barra de Cunhaú, a mais de dez quilômetros da cidade. Está distante 77 km de Natal, capital estadual,[13] e 2 334 km de Brasília, capital federal.[14] Ocupa 245,485 km² de área[2] (0,4648% da superfície estadual), dos quais 5,144 km² constituem a área urbana.[15]
O relevo de Canguaretama é baixo e constituído, em sua maior parte, pelos tabuleiros costeiros ou planaltos rebaixados,[16] com uma área de planície litorânea entre a costa, caracterizada pela presença de dunas tanto fixas quanto móveis originárias do período Quaternário e modeladas pela ação constante dos ventos, e o estuário do rio Curimataú, onde forma uma planície fluviomarinha, resultante de processos de origem fluvial e marinha e mais susceptível a inundações em períodos de cheia do rio.[7][17] Geologicamente, o município está assentado sobre o Grupo Barreiras, constituído por rochas do período Terciário recobertas pelas paleocascalheiras, que são grandes coberturas arenosas intercaladas por sedimentos de arenito, argila e siltito.[7]
Os solos do município, em sua maioria, são arenosos e altamente drenados, porém pouco férteis, caracterizando as areias quartzosas. No leito do rio Curimataú estão os solos aluviais que, comparado às areias quartzosas, são mais férteis, com textura mista de areia e argila e menos drenados, além dos solos indiscriminados de mangue,[18] na divisa com Baía Formosa,[19] cobertos, como o próprio nome diz, pelos manguezais, um ecossistema de transição entre os biomas terrestre e marinho.[17] Tanto as areias quartzosas quanto os solos aluviais, na nova classificação brasileira de solos, constituem a classe dos neossolos.[20][21] No restante do território está a Mata Atlântica sob a forma de floresta subperenifólia, cujas espécies permanecem verdes durante todo o ano, com folhas largas e troncos delgados.[7] Canguaretama abriga parte da Área de Proteção Ambiental do Piquiri-Una, criada em 6 de junho de 1990 pelo decreto estadual 10 683 com cerca de 12 mil hectares (ha) de área, ampliados para mais de 40 700 ha por meio do decreto estadual 22 182 de 22 de março de 2011, abrangendo territórios de outros quatro municípios.[22]
Secretário Executivo -Coordenador do Curso